Algures no nosso crescimento perdemos um conjunto de características que fazem das crianças, únicas. Não vou falar de serem fantásticas, que são, mas sim das suas capacidades para levarem a sua avante. Pensam no agora, relativizam, choram mas partem para outra.
Nos negócios pensamos, refletimos. Até demais. Remoemos quando falhamos. Agarramo-nos ao que achamos que dá certo porque funcionou para outros. Seguimos a “cartilha” que os livros da moda nos ditam. Então que ensinamentos para os negócios podemos retirar do comportamento das crianças?
1) Um não agora não é um não para sempre
Em adulto pessoalizamos o não, lamentamos, sofremos, voltamos a sofrer por antecipação. Uma criança ouve dezenas de vezes não por dia e não é por isso que fica cabisbaixa. Faz parte do caminho para o sim, ou então pensa numa alternativa
2) A vida é curta demais para não se brincar
Amuam? Claro que sim. Mas ultrapassam momentos difíceis para si em minutos ou poucas horas. Não ficam a matutar durante dias, não acordam às 4h da manhã a pensar nos seus erros. Sim, somos maduros e tal, mas por vezes seria preferível ter essa capacidade de relativizar o que nos acontece e não ficarmos pendurados naquilo que passou ou deixou de passar
3) KISS – keep it simple and straightforward
Pode até apreciar a tecnologia, a complexidade, mas acima de tudo aprecia o tempo bem passado e as relações, a simplicidade de poder moldar a realidade à sua maneira. Os acordos são simples, as regras definidas, e o prazer vem das coisas que estão à nossa volta. Fossemos nós por vezes tão transparentes e lineares e não perderíamos tanto tempo nos “entretantos”.
4) Sorrir quando é necessário mas mostrar descontentamento frontalmente
Não há máscaras nem subterfúgios. Sabem sorrir, rir desalmadamente mas também não escondem o desagrado. Sem mas nem reticências. Quantas vezes não rimos para dentro, não choramos às escondidas, não “engulimos sapos”? Mais do que as que admitimos
5) Cobrar as promessas… com juros
Alguém, algures nos prometeu algo. E falhou, seja um prazo de pagamento, seja uma adjudicação, seja um email. Engolimos, aceitamos desajeitadamente as desculpas as vezes que forem necessárias. (nem sempre mas isto é uma história :))
Com uma criança palavra dada é palavra honrada. Elas fazem-nos engolir em seco quando falhamos uma promessa. A memória é exímia em recordar o que lhes interessa. E sabem muitas vezes o poder que têm. E quando não ganham, voltam a tentar negociar.
6) Falhar faz parte do caminho.
Da mesma forma que o não é transitório, uma criança não desiste de andar ou ler porque falhou. Tenta, frustra-se, chateia-se…e segue em frente.
Creio que não é preciso por vezes demonstrar a quantidade de vezes que à primeira, fechamos o dossier, julgamos que um negócio não se concretiza e não vamos à luta. Sim, é maturidade e serve para nos proteger, mas também serve para não saírmos da nossa zona de conforto.
7) Quando não gostamos de aprender, não evoluímos
Alguém uma vez disse que começamos a morrer quando deixamos de ter curiosidade de aprender. As crianças usam e abusam do porquê, querem saber mais, colocam em causa.
Os negócios que se questionam, cuja formação e aprendizagem (e o tentativa/sucesso/erro) são valorizados, duram mais, são mais saudáveis. Quem gosta de estar num local onde “foi sempre assim que se fez”,”não levante ondas…”.
Talvez por isso e por tudo o mais, admiramos as crianças, a sua energia, e capacidade de ver a vida por outros filtros. Sorrimos porque apreciamos a sua inocência e pensamos que a vida vai fazê-los amadurecer, mas lá no fundo gostaríamos de ter a “lata” que eles têm.
Até (muito) breve