7 erros de Gestão de uma Micro Empresa de Serviços

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Porquê falar dos erros de gestão de uma micro empresa, quando há tanto de bom não é?

Eu sei, eu sei, parece que ando sempre a falar do negativo, dos erros, dos equívocos, do que pode correr mal.

Com um discurso hiper optimista que evoca a energia, a ética, o trabalho árduo, a liderança, o querer, o mostrar que se está bem, a fantástica equipa que se tem, estamos sem querer a deprimir aqueles que no seu dia-a-dia tendem a ser mais cautelosos, mais humildes, que caem, que bufam, que não percebem como tudo sorri e está harmonioso à sua volta.

Há falhas, há momentos menos bons, há impaciência em vez de sorrisos, e se tivermos essa noção com outras pessoas, seremos mais… humanos.

A caminho do sexto ano de micro empresa, e depois de ter “desabafado” os 7 erros que cometi nos primeiros anos aqui ficam aqui alguns equívocos, que nos fazem por vezes sentir deslocados, desmotivados e que também fazem parte:

 

1)     Ter flexibilidade de horário não é conseguir ir para a esplanada quando se quer

É uma imagem frequente, o sorriso, o reencontro e um café entre empreendedores, o poder do pessoal, do networking. Mas como imagem que é, representa uma ínfima parte do trabalho. Podemos ter um horário mais flexível mas também temos de fazer propostas, conteúdo, viagens, gerir a operação, tratar de pagamentos, impostos e todos os imponderáveis;

 

2)     Evitar as deslocações necessárias 

Nem tudo o que reluz é ouro é uma máxima que ao início de uma micro empresa não parece ser conhecida. Vamos a todo o lado, falar com toda a gente e quando alguém nos diz que está interessado, o nosso olhar fica vidrado nos cifrões. Não faltará muito para olharmos com outros olhos, para aprendermos a filtrar, para separarmos o trigo do joio. É bom viajar, é bom conduzir numa bela estrada mas o tempo, os custos e principalmente a recuperação de longas viagens (mas eu já tenho mais de 40 anos). Skypes, Facetime ajudam e muito no dia-a-dia.

 

3)     9:00 às 18:00 porquê?

O horário “tradicional” foi criado no período industrial, numa determinada lógica. Quando estamos por conta de outrem, queiramos ou não, temos de o cumprir. Conseguimos mesmo estar 8 horas concentrados e produtivos? Eu não consigo.  Por conta própria faz sentido “fingirmos” quando não temos trabalho? Porque não estudar uma determinada matéria? Porque não repensar um processo que temos? Porque não desligar. Sim, desligar, durante 30 minutos. Faz comichão não faz? Parece que não estamos a fazer nada. Mas até os computadores precisam de desligar, fazer o restart.

 

4)     Estar sempre online e disponível é bom? 

Colaborei 14 anos num operador e atualmente a nossa empresa não só trabalha com a tecnologia como tem mais de 90% do seu mercado a surgir pela via digital. É óptimo e só tenho a agradecer ao digital. Mas… mas preciso de desligar. Preciso de definir horas para não estar ligado. A memória agradece, a ansiedade merece, a qualidade de vida merece. Um dos erros na gestão das micro empresas é estar sempre, sempre disponível. Deixamos de gerir, somos geridos. O Phubbing prejudica as relações, o comportamento de “slot machine” onde queremos ver um email com uma boa notícia ocupa-nos a mente e muita das vezes causa-nos frustração. Como diz um amigo “eu não sou médico de urgências”. Isto não significa não responder, significa gerirmos nós o nosso tempo do que sermos geridos.

 

5)     Que bom que é estar em casa cedo e estar com a família ou amigos 

É bom, é muito bom, e as férias mostram-nos sorrisos eternos. Se forem como eu moram num apartamento, e por vezes doi-me a alma e vou buscar o meu filho mais cedo. Que bom.

Pena é que no meu mercado surjam pedidos a partir das 17h30 e “aquele” momento que tinha reservado é invadido por telefonemas. Ninguém tem culpa a não ser eu, que me imagino ainda a ver as imagens daqueles quintais americanos de crianças e adultos a brincar. Mas há mercados onde se deixa tudo para o final da tarde. Ah, e as crianças também têm birras, não estão sempre felizes como nas fotografiasEstamos tão pressionados a ser os melhores pais e mães do mundo que só há 8 ou 80.

 

6)     O que é que realmente fazemos?

Volto às mensagens edílicas de partilhas de esplanadas, encontros, nascer e pôr do sol, lives em locais de sonho, presenças em feiras e em “meetings” e “informal drinks”. O que passamos? Felicidade, sucesso? Boa. E o resto? Que é que queremos causar nos outros? Que somos melhores? Que somos profissionais? Que o que fazemos é fácil e espectacular? Pode ser mas depois tudo se reflecte na forma como somos vistos. E às vezes no preço e valor que transmitimos. E já agora o que é que fazemos mesmo na nossa vida? (se os nossos filhos e pais não conseguirem saber o que fazemos, algo está mal ?)

 

7)     Nem tudo o que pisca é interessante

Centenas de livros, de vídeos e de publicações nos apelam ao sucesso em poucos dias ou semanas. No pain no gain, e põe tudo o que tens no minimo que fazes, e mandar os outros para a fava, e conseguir gerir 10 variáveis da vida de forma exemplar, tudo depende do nosso querer. Brutal. Que bom é isso mesmo, vamos por aí. A vida tende a não ser um conjunto de checklists com formas infalíveis, porque nós somos imperfeitos. Assumir sempre o máximo, o caminho para a perfeição sendo o melhor filho/pai/companheiro/amigo/líder é impossível. Leiam-se biografias de seres humanos notáveis e tenha-se a noção das suas falhas e imperfeições. Tenhamos a humildade de dizer desculpa, de mudar de rumo, de falhar, de avaliar o que está mal, de dizer que não, de desvalorizar o glamour do que vemos e lemos e talvez sejamos mais bem sucedidos nos nossos negócios.

 

Um micro negócio é uma corrida de resistência, coerência, que carece de falhas, de tropeções, de avaliar o que está bem e mal. Se existissem fórmulas mágicas e vidas perfeitas, já todos as teríamos aplicado.

Mas isto se calhar sou eu que já passei os 40.

Bom regresso ao trabalho, e boa procura de trabalho para quem não o tem.

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