Há livros que nos fazem perder a noção das horas, livros em que lemos sem parar, livros em que somos conduzidos, livros que nos transportam para o outro lado do mundo.
Mas há outros em que somos nós que mandamos, que paramos por aqui e por ali, que fechamos as páginas e divagamos, em que somos a personagem principal.
Caramba, e que bom que é ser-se a personagem principal de um livro. Decidirmos o tom, o rumo, a história, sermos herói ou vilão. Sermos criança ou ancião.
O livro da Mónica Menezes “99 razões para escrever (+1)” é um desses livros.
Que nos faz rir, chorar, pensar, gritar, questionar, e outras coisas acabadas em ar e não só.
Torna o leitor, escritor, fingidor, ator, sedento de humor ou amor. Depende apenas de nós.
Num momento onde estamos confinados de corpo, onde mudamos do modo profissional/pessoal sem tempo a “sós”, onde estamos em modo sobrevivência mental, executivo, é bom poder entrar num modo “nonsense” que nos impulsiona a sairmos do racional.
Não é um livro para pessoas que procuram listas, dicas, que são pragmáticas. É um livro para futuros escritores, para os que gostam de criar, para os que não têm receio de se rir de si próprios e das suas histórias inventadas.
99 razões para escrever (mais uma): Será um livro, um jogo, um exercício para a mente?
Primeiro é um livro que nos tenta impor regras, mas sem ser imperativo.
E bem. Mas que seria de um projeto de escritor se não fugisse das regras de quando em vez para fazer o que lhe dá na real gana.
Alguns de nós que acham que sabem muita coisa sobre escrita, ficam reduzidos (no bom sentido) a terem que sair da sua zona de conforto e são desafiados a escrever sobre coisas aparentemente sem nexo.
Mas a criatividade é isso mesmo. É sair do modo “normal” para o modo “tudo é possível” para que consigamos expandir a nossa mente.
É também um aperitivo para quem quer aprofundar o assunto da escrita. Um caderno de exercícios para aqueles momentos onde queremos ser guiados por um tema para escrever.
Ao folhearmos vemos que é assustadoramente simples, sem ser simplista. “Easy to learn, hard to master”
Se durante 100 dias, abrirmos uma página e tentarmos, mesmo que não consigamos, cumprir um desafio, já estamos a fazer muito pela escrita, pela criatividade, pelo humor.
É um objeto que pode ser partilhado, pode servir como jogo, como ponto de partida, como gatilho para uma memória.
É tanta coisa.
Parabéns Mónica, não apenas pelo livro, mas pelo percurso, por “espalhares a palavra”.
Agora…lamento não cumprir a regra de um dos desafios, criar um texto que acabe com a frase “E a porta fechou-se”.
Que continues a não deixar que a nossa porta da escrita se feche.
Fica aqui o link para quem quiser saber mais.