Até há bem pouco tempo, era aceite de forma geral que um bom segredo era essencial para o sucesso: saber fazer contas, saber produzir numa fábrica, saber programar código informático, saber vender, saber a fórmula secreta de algo. Ainda hoje ávidos tubarões procuram licenciamentos e patentes. O segredo era a alma do negócio – dizia-se.
Todos os que não compravam eram adversários. O conhecimento nosso, só nosso e de mais ninguém.
Agora, em muitas áreas, sem mais nem menos, já um “jeitoso” programa, já um faz-tudo aprende por vídeo a fazer instalações, já um curioso aprende técnicas de fotografia, já um curso online transmite skills relacionados com as vendas.
O que sobra?
Bem, o ativo mais importante e menos valorizado desde o início da humanidade: nós próprios. E antes que saltem para o post seguinte porque ando com teorias new-age, sejamos pragmátivos:
- O que vende mais, aquele que debita, ou o que ouve, incorpora, e se adequa?
- O que programa melhor, o que tem melhor técnica, ou o que produz um conteúdo que os clientes apreciam;
- O que ganha em saber mais? O que tem 19 a tudo e nunca saiu da casca, ou o que percorreu o mundo, comeu arroz trinca, sabe ouvir um não e seguir em frente?
- Quem negoceia melhor? Aquele que quer tirar tudo do parceiro, ou o que encontra novos caminhos, por vezes com mais receita para ambos;
- O que tem mais probabilidade em sobreviver? O que contrata 20 recursos no início de vida da empresa ou o que vai incorporando à medida que necessita e por vezes produz em parceria?
- Qual o melhor gestor? O que centraliza, desconfia, berra sem razão ou o oposto?
Tudo isto implica algo que não é aprendido nos livros da escola mas sim sentido: sozinhos somos pequenos, juntos conseguimos mais.
Nunca como hoje, pequenas empresas ombream com as grandes: correm mais riscos, respondem mais rápido, fornecem serviços de qualidade… Por algum motivo as grandes por vezes querem parecer pequenas, ágeis, próximas, soltas.
A partilha de conteúdo, de conhecimento, de projetos, de negócios permite chegar onde nunca se chegou, ter clientes de grande dimensão.
Por muito grandes que sejamos, sozinhos teremos dificuldade em inovar, em criar sinergias, em obter recomendações. Claro que orçamentos gigantescos de Marketing e Comunicação podem fazer parecer o contrário, mas a longo prazo seremos um gigante de pedra.
Mais do que uma teoria vaga, a partilha é a melhor forma de viver. Não partilhar é sobreviver, olhando sempre desconfiado para o “vizinho do lado”.